Fazer dieta x levar uma alimentação saudável.ocê sabe a diferença?

 

Varapau, girafa, poste ambulante, espanador de lua, fiscal de tráfego aéreo, Pernalonga... Como sempre fui muito alta e magra, cresci ouvindo apelidos “engraçadinhos“ desse tipo, numa época em que o debate sobre bullying ainda não tinha entrado na moda. Eu detestava, claro. Mas quando cheguei à idade adulta, as características físicas que tanto me incomodavam na infância e na adolescência viraram motivo de orgulho e satisfação para mim.

Até os 30 anos, nunca precisei me preocupar com a balança. Comia de tudo, sem neura. Só que não há genética que segure eternamente uma alimentação ruim. Uma hora a conta chega. E ela chegou. Lembro bem. Eu morava em Paris e vivia devorando croissants, baguetes, queijos e doces como se não houvesse amanhã. Até que as roupas começaram a apertar e as fotos de biquíni já não me deixavam tão à vontade. 

Resolvi, pela primeira vez na vida, fazer dieta. Comprei o livro do Dukan e, determinada que sou, segui à risca o regime low carb e low fat preconizado pelo famoso médico francês. Perdi 10 kg em pouco mais de dois meses. Fiquei seca e com a barriga tanquinho. Achei o máximo e, nos anos seguintes, virei escrava daquele estilo alimentar. Morria de medo de comer até uma banana!!! 

Felizmente, isso mudou. Me apaixonei por nutrição, passei a estudar profundamente o assunto e entendi que não preciso de um plano alimentar rigoroso para ficar no peso ideal e ter boa saúde.

No dia a dia, evito industrializados, ultraprocessados, açúcar, farináceos, óleos vegetais refinados e álcool. Priorizo comida de verdade: alimentos que vão me nutrir, como proteínas, vegetais e gorduras boas. Mas não me privo de comer sobremesa num bom restaurante, um pão de fermentação natural no fim de semana, uma pizza de qualidade ou um hambúrguer artesanal às sextas-feiras... nem de tomar um vinho ocasionalmente. 

Isso se chama levar uma alimentação saudável, com equilíbrio. Bem diferente de fazer dieta!!! Não precisa de limite de quantidade nem regras restritivas do tipo “isso pode, aquilo não pode”. Basta ter bom senso e capacidade de ouvir o próprio corpo. Perceber os sinais de saciedade, diferenciando fome da vontade de comer. E saber separar experiências que valem a pena das que não valem.

Por exemplo, aceitar - sem culpa! - aquele pedaço de bolo caseiro quentinho, saído do forno, feito por alguém querido, tanto pelo prazer sensorial como pela companhia e pela memória afetiva... Por outro lado, saber dizer NÃO para o biscoito recheado industrializado que a sua colega de trabalho vive oferecendo e você come sem nem pensar, só pra matar o desejo de um docinho no meio da tarde. 

Um estilo de vida equilibrado significa fazer boas escolhas e encarar a comida de forma leve, como algo que serve, acima de tudo, para NUTRIR o corpo e - eventualmente - a alma.

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